terça-feira, 22 de março de 2011

História - A burguesia

Nas principais cidades da Itália e dos Países-Baixos os mestres e os mercadores das grandes corporações de oficio ou "artes maiores (lãs, sedas, peles, remédios) se transformaram numa elite econômica e política - a alta burguesia - que se sobrepunha aos membros das”artes" menores (chapeleiros, ferreiros, carpinteiros, curtidores ar pequenos negociantes e lojistas) - a pequena burguesia - e à massa de trabalhadores urbanos assalariados, sem proteção das corporações de ofício.

A alta burguesia se tornou proprietária de companhias de comercio, bancos, lojas, navios, terrenos urbanos, instalações industriais e de entrepostos para armazenagem de mercadorias orientais e das demais regiões da Europa dominando um mercado cada vez mais amplo. Devido ao controle das atividades bancárias do comércio internacional e da produção de determinados artigos essenciais como o alúmem e o sal, essa burguesia acumulou grandes lucros, dando origem ao capital mercantil. Os empresários e mercadores apoderam-se do governo das cidades, usando-o para adquirir privilégios e fazer leis em seu benefício. Como exemplo, podemos citar as grandes famílias burguesas que dominaram as cidades italianas, organizadas como república independentes ou comunas: os Médicis, em Florença, os Sforza, em Milão, etc.

A burguesia das cidades procurou se integrar ao mundo rural e feudal, adquirindo terras e palácios, casando-se com membros da aristocracia, comprando títulos de nobreza, aceitando cargos e participando das cortes dos reis, que pouco a pouco foram recuperando o poder político. A Igreja cristã, que antes do século XI via com maus olhos as atividades mercantis e ensinava "ser difícil não pecar quando se tem por profissão comprar e vender" passou a reconhecer a utilidade dos mercadores e banqueiros, tornando-se mais tolerante e aceitando, como legitimo, o direito de lucrar e de cobrar juros devido às dificuldades e riscos enfrentados na profissão.

Como todo homem medieval, o burguês estava impregnado de profunda fé, observando os dias religiosos e participando de cerimônias solenes. Na Itália, era comum se destinar parte dos lucros de uma sociedade comercial a Deus, com doações em dinheiro para a Igreja e para os pobres, "representantes" de Deus na terra.

A burguesia e o alto clero foram responsáveis pelo embelezamento das cidades, com construção de pontes, monumentos, palácios e catedrais, incentivando e protegendo artistas e literatos. As catedrais góticas, edificadas como penitência e garantia de salvação da alma, se tornaram símbolo e orgulho da população, local de festas religiosas e ponto de encontro dos cidadãos para suas assembléias. A partir do século XI, "graças a sua nova agricultura, à abundância de braços para o trabalho e para a guerra, ao comercio e as suas cidades, a Europa cristã tornara-se uma comunidade de homens e de negócios, unidos por uma fé vista igualmente com fervor e com o pragmatismo necessário para não estorvar os negócios.” (SILVA,-Francisco C.Teixeira.Sociedade Feudal. São Paulo, Brasiliense, 1984, p. 38.)

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